Olhares: Nação Dopamina (Parte 3)

Um papo sobre como o excesso de prazer, a dopamina, a neurociência e a biologia interagem

OLHARES

Gabriella Macedo

5/26/202415 min read

Você está lendo a parte 3 de 3, aproveite!

ALÉM DA DOPAMINA

1. Já falamos um pouco do futuro, mas podemos resgatar algumas ideias, lançando um olhar mais amplo, como você enxerga as questões que discutimos aqui ressoando na sociedade?

Alexandre: Aqui nesse momento, me veio a questão da liquidez. A modernidade líquida que o Baumann fala. Esse excesso de opção que a gente tem hoje, né? Deixa a gente líquido, nesse sentido de não saber o que eu quero, e aí eu quero tudo e, ao mesmo tempo, eu não quero nada... Então hoje a gente tem muita liberdade para escolhas, só que essa liberdade ela não tá norteada pelo meu autoconhecimento, pela minha autorreflexão e muitas vezes, eu não estou consciente das consequências dessa minha liberdade. Se eu não tenho consciência das consequências dessa minha liberdade, eu faço coisas que não são tão boas para mim, para minha saúde. E aí? Se eu não sei o que eu quero, qualquer coisa serve. E aí vem esse vazio cada vez maior, que a gente precisa preencher com coisas, com coisas que muitas vezes a gente também não sabe quais são, a gente fica perdido. Ah é um relacionamento, é comida... com o que eu vou preencher esse vazio? E o risco que a gente corre também às  vezes de viver uma vida fazendo aquilo que você não queria. E você chega nos 30, nos 40, nos 50 anos de idade, e você tem esse repente de consciência "Nossa eu tava vivendo uma coisa   que eu não queria!" Bate talvez uma frustração ali. E aí você abre a porta para outras coisas que podem aparecer na sua vida, porque que você toma consciência de um tempo que você perdeu. Muitas vezes se você não tiver um autoconhecimento e um autocontrole você se perde aí, né? A gente corre esse risco hoje de fazer, de viver aquilo que eu não quero viver.

Gabriella: E parece que quanto maior a quantidade de escolhas que a gente tem para fazer, mais difícil fica esse processo de decisão, de escolher de fato aquilo que você quer.

Alexandre: Exatamente, então agora eu escolhi esse caminho, e penso, "nossa, mas existem todos aqueles outros caminhos ali.." E eu desvio a minha atenção desse que   eu escolhi, e fico o tempo todo olhando para ver se não tem outro melhor. Então, eu preciso ter consciência da minha escolhado que eu quero. Eu quero isso, então, preciso abrir mão de algumas coisas. Não tem como eu seguir uma direção sem ignorar o fato de que existem outras possibilidades e às vezes essas possibilidades também são ilusórias. Elas não são reais, a gente cria na nossa cabeça, que aquilo é uma opção melhor, mas não é aquilo. É aquele clichêa grama do vizinho é sempre mais verde. A gente sempre acha que existe algo melhor, né? E o próprio  sistema cria essa sensação de insatisfação na gente. E a gente nunca  bem naquilo que a gente tem, o que eu tenho hoje? "Ai, mas podia ser melhor, mas podia ter isso." Eu preciso estar satisfeito com o que eu tenho, com que eu souE não ficar desejando aquilo que eu não sei o que é, muitas vezes aquilo que o outro tem que você não sabe oque que ele passou para ter talvez aquilo. E vejo as pessoas nos relacionamentos hoje muito assim também, sem saber o que querem para se relacionar... os adolescentes, principalmente. Eles inventam um monte de regras, mas nem eles mesmo sabem o porquê daquelas    regras, né? Ah, não precisa ser assim, precisa ser assado, e não é assim a vida, né? E aí cai naquilo... Está todo mundo fazendo a mesma coisa, aí quando você vê tá todo mundo seguindo esse mesmo padrão, fazendo tudo igual, do mesmo jeito, né? as relações cada vez mais rasas, as pessoas mais superficiais, sem discutir às vezes os assuntos. Eu vejo, especialmente na sala dos professores, os meus colegas exaustos... Por conta de todas essas questões que a gente falando, né? E às vezes eu me pego também exausto, meio cansado disso. É porque a gente tá tendo que lidar com a frustração dos alunos, com a frustração do que o sistema cria na nossa cabeça. Às vezes a gente não lida, nem direito com essa frustração que é nossa. E aí, a gente tem que entender oque que o aluno tá passando ali na vida dele, na cabeça dele. Porque que ele é tão dependente, você precisa ter esse jogo de cintura, esse bom senso e muitas vezes. A gente não tem também. A gente às vezes não muito bem naquele dia, enfim. E tem pessoas que estouram mais fácil, que perdem a paciência com mais facilidade. Então, nesse sentido eu acho que a gente está se afastando enquanto ser humano um do outro.  A gente deixando barreiras, muros, serem construídos no meio da gente e aí a gente não sabe mais direito como lidar. Oque que eu preciso para mudar isso, né? Talvez um pouco mais de inteligência emocional, gerir um pouco melhor as minhas emoções, entender um pouco melhor, oque que o outro tá passando, né? E muitas vezes, eu confundi, a empatia de eu preciso entenderfaz bem para mim, eu entender o que tá acontecendo com a outra pessoa, porque muitas vezes o que ele tá me trazendo não é pessoal, não é para mim. Aquilo é um problema dele, ele não está sabendo lidar com aquilo e ele está descontando aquilo mim,  então ele não querendo me atacar. Ele querendo se atacar muitas vezes. E essa inteligência emocional, às vezes eu acho que falta, falta um pouco assim... Porque se a gente toma tudo como pessoal. A gente enlouquece. Especialmente em sala de aula que a gente tem um monte de cabeça, um monte de gente pensando um milhão de coisas diferentes.

Gabriella: Nossa, sim, faz todo sentido, é como se cada pessoa ali dentro da sala fosse uma cultura diferente, com seus próprios valores, ideias e isso traz conflitos em muitos momentos. Então faz sentido o que você está trazendo. Acho que essa falta de habilidades de gestão emocional, acabam atrapalhando muito pelo caminho e não são coisas ensinadas, infelizmente as pessoas precisam buscar e aprender pela vida... Mas que seria um trabalho poupado se já soubessem disso antes, não é?

Alexandre: E eu acho que isso tudo que a gente discutiu, tem contribuído para a gente ser ainda menos inteligente emocionalmente. E por isso que esses conflitos são maiores. Hoje em dia as pessoas explodem mais fácil, são mais intolerantes e ninguém quer ter trabalho. Ninguém quer se esforçar por nada hoje em dia. A lei do mínimo esforço, aí eu vejo eles (alunos), e a gente enquanto adulto às vezes também se pegando nisso. Por mais que a gente seja de uma geração um pouco anterior,  a gente também meio que dominado por esse excesso de estímulos.

2. E aqui podemos entrelaçar um pouco essas ideias: Considerando os avanços da neurociência e da psicologia, como essas discussões sobre prazer e dopamina podem influenciar no bem-estar no futuro?

Alexandre: Acho que o fato da gente compreender melhor todos esses mecanismos e entender quais são as consequências dele, já ajuda a gente a tomar essa consciência e muito do que a gente escuta hoje em pedagogia em psicopedagogia é a questão da metacognição, que é o fato de eu ter consciência daquilo. Então oque que eu tenho que fazer para entender aquilo, quais são as estratégias que eu preciso para conhecer?  Ter conhecimento dessas estratégias hoje, eu acho que pode, no futuro, ajudar a gente a evitar um pouco mais esses problemas. Mas eu preciso fazer com que isso seja praticável. Preciso que as pessoas façam isso. Então talvez criar novas áreas dentro da psicologia, dentro da biologia, de graduação, de pós- graduação, que possam nortear um pouco mais a gente. Porque, se a gente for olhar uns 15 anos atrás, tudo bem, tinha didática na carga horária de qualquer professor de licenciatura, tinha lá na grade: didática, psicologia da educação... Então são conhecimentos que agregam na nossa formação, talvez aumentar na grade curricular, de vários cursos inclusive, questões de neurociência, que é mais do que necessário hoje em dia. Isso dessas estratégias de estudo, de como que  a gente aprende, de como que a gente lida às vezes com emoção, da gente exercitar também a nossa inteligência emocional, eu acho que no futuro seria muito necessário melhorar isso porque mesmo tendo estudado psicologia da educação mesmo tendo estudado didática, mesmo lendo sobre psicopedagogia, lendo sobre neurociência, a gente ainda fica perdido, a gente não sabe o que fazer na prática, porque você tem ali a teoria, e vai precisar transformar aquilo em ação no seu dia a dia, né? Sem deixar às vezes a sua emoção sobressair, né? Ou se lembrar de tudo aquilo naquele momento, e criar essas estratégias, não é fácil, né? Mas é assim, tentativa e erro, né? Sempre.


Gabriella: Tomara que isso fique mais fácil em algum momento

Alexandre: Total, a tendência, eu acho que é essa. A gente melhorou um pouco, a gente pode melhorar muito mais, né?

Gabriella: Podemos, podemos sim! E aqui a gente chega na nossa pergunta final. Vamos lá. 

3. Olhando para além dos aspectos biológicos, como você vê as implicações socioculturais da busca pelo prazer e seu impacto na saúde individual e coletiva?

Alexandre: Eu acredito que talvez medidas de políticas públicas sejam necessárias, para a gente nortear um pouco isso, não sei se seria vantajoso porque normalmente a política pública, ela é criada com base numa  necessidade social, mas aí depende do olhar de quem tá ali, né? De quem a gente elegeu para criar essas políticas, e muitas vezes, a democracia por mais que ela seja o melhor que a gente tem hoje em dia, de sistema político, ela tem muitos problemas, porque ganha sempre a maioria. E muitas vezes a maioria não sabe o que quer. A maioria perdida também, então a gente fica meio que refém disso. Talvez reverter um pouco esse quadro de consumismo. E aqui temos um apelo ambiental hoje em dia também. A gente tem visto várias catástrofes acontecendo e são mais do que gritantes. A gente vendo pessoas sofrerem por conta de tudo isso. Então acho que seria algo que poderia ir a favor, para tentar diminuir esse consumismo, fazer a gente ter um pouco mais de consciência sobre o nosso papel enquanto ser vivo no planeta. E em relação a superficialidade, que a gente falou, ter muitas opções de escolha e não saber que caminho a gente vai seguir... Eu acho que a gente vai ter que esperar para ver que caminho a evolução vai dar para gente, se a gente vai conseguir lidar, se a gente vai ser uma espécie melhor assim... Será que vai surgir  uma outra espécie? Hoje a gente é homo sapiens sapiens e tem consciência,  será que a gente vai ser um outro homo sapiens, sei o que né? Entendeu? Por conta de tudo isso? Então pensando evolutivamente na seleção natural sobrevive oque é mais apto. Se a gente conseguir sobreviver com todas essas mudanças... Independente de julgamento disso ser bom ou ser ruim. O que a gente entende hoje como ruim pode não ser ruim no futuro, para essa espécie. Então assim a seleção natural aí, né? Ela não deixa de agir o tempo todo. Então, é a nossa inteligência, enquanto homo sapiens sapiens que não pode fazer com que essa característica seja um empecilho para  nossa sobrevivência. Se a gente tem consciência a gente precisa fazer alguma coisa, né? E aí lidar com isso no futuro vai ser mais do que do que necessário. E a gente sempre tem um olhar não muito pessimista, mas sempre mais otimista, né? Porque quando a gente fala no aumento dos casos de depressão, de ansiedade e tal, parece que é um cenário futuro catastrófico, ou que as pessoas não vão ter mais motivação para viver. Mas assim, a gente não tem como saber exatamente, né? E eu encaro mudança como mudança. Assim, como sei lá, uma ave tem um bico diferente para se alimentar de uma determinada semente num lugar da terra e outra tem outro bico, né? A depressão ansiedade nesse momento pode gerar... Sei  lá, características que depois podem favorecer a nossa sobrevivência. Não tem como a gente ter certeza, a gente mensurar exatamente o que o que vai ser né?

Gabriella: Sem dúvidas! A própria ansiedade tem um papel fundamental na nossa sobrevivência, podemos pensar que sem preocupações não teríamos sobrevivido como espécie. Então ela teve um papel super importante e continua tendo.

Alexandre: Perfeito, o medo é o que garante a nossa sobrevivência, né? Você não vai se submeter a uma situação de risco extremo porque essa sobrevivência que está em jogo né? Quem que vai sobreviver diante de todas essas mudanças? Os que estão mais aptos, sempre. Então quem vai sobreviver? Talvez os mais aptos, que consigam lidar melhor com todas  as questões emocionais que comentamos. Então, talvez nesse sentido a gente seja uma sociedade melhor, né? Que consiga lidar com essas situações, e que tenha  um emocional mais forte. Apesar de parecer meio cruel, quando a gente fala isso, né? Mas a seleção natural ela es agindo assim. Não é não é uma escolha minha. Não é o pensamento do que eu quero que seja... É isso que a gente viu ao longo do registro fóssil, do registro histórico que a gente tem da  evolução dos seres que passaram por aqui é isso. Se você tá apto, você vai sobreviver. Se você não tá apto, você não vai sobreviver, né? Eu acho que o caminho é esse.

Gabriella: Com certeza e ser humano é estar adaptável as circunstâncias que vão mudando o tempo inteiro, ainda mais nos tempos que a gente vive hoje, onde tudo muda muito rapidamente. Então, essa resiliência de continuar também, faz parte da nossa identidade como espécie, né?

Alexandre: Perfeito, exatamente a gente tem uma das grandes estratégias evolutivas que é a consciência. Então se a gente tem a consciência é mais do que nossa obrigação criar estratégias e soluções para reverter o que que a gente está fazendo de errado, né? A gente tem consciência de tudo isso, né? Se a gente pode mudar, a gente pode criar coisas, a gente pode criar situações, a gente pode inventar... Então vamos inventar coisas boas, né?

Gabriella: Com certeza, muito bem, falamos de muitas coisas importantes e tocamos em vários pontos aqui que caberiam muitas outras perguntas também, mas queria saber se tem algo que ficou de fora, alguma coisa que você gostaria de acrescentar aqui numa mensagem final.

Alexandre: Só acrescentar aqui, que comentei que a gente está mais reativo, de a gente estar levando tudo para o pessoal... E eu percebo e eu acho que é assim, olhando para todo todo esse cenário... Tudo que a gente tem hoje de possibilidade, o que a gente construiu enquanto humanidade. Eu acredito que a gente seja um pouco melhor do que a gente era né. Em questões de preconceito, em questões de tolerância. A gente é muito melhor do que a gente já foi um dia. Não sei se a gente sabe lidar, perfeitamente. Óbvio que não. Mas a gente sabe lidar um pouco melhor com todas as questões hoje, do que a gente sabia antes. Então eu acho que existe uma positividade aí um otimismo em tudo isso. Porque enquanto sociedade a gente é melhor do que a gente era. Não sei se muito melhor no sentido de valor, de tudo que a gente falou, dessas opções que a gente tem hoje desse autoconhecimento. Não sei se a gente é muito melhor do que a gente era mas,  em relação a questões sociais de preconceito, questão racial, por exemplo. A gente é muito melhor do que a gente era, em questões tecnológicas também. A gente é muito melhor do que a gente era. Mas muitas vezes a gente cai na tentação de ir naquele naquele senso comum de que nossa sociedade não tem jeito a humanidade está perdida, né? Eu acho que a gente corre um risco muito grande de sempre colocar as coisas por esse caminho, né? Porque, parece que não existe gente fazendo coisa coisa boa no planeta, e aí a gente cai nessa sensação de "Ah, né? Já que não tem jeito mesmo também não vou fazer minha parte..." Eu acho que isso  gera também um conforto na pessoa que tá dizendo isso, né? Que ela não se responsabiliza por aquilo. Então, acho que a gente tem que olhar sempre né tentar olhar para situações com otimismo. Apesar da gente parecer que muitas vezes o resultado disso não vai ser tão positivo, tem gente no meio do caminho  fazendo coisa boa.

Gabriella: Com certeza.

Alexandre: É que a gente precisa de olhar para quem tá fazendo coisa  boa e não para quem fazendo coisa ruim, né? A gente precisa valorizar mais isso e não o inverso, né?

Gabriella: E eu acho que aqui entra aquilo que você comentou do equilíbrio, de conseguir ter essa visão mais equilibrada de como as coisas  caminham.

Alexandre: Sim, sim, e é o que norteia a vida, não é? O que norteia sobrevivência das espécies, né? Então, se algo fora de equilíbrio isso vai ter consequência, oque a gente tá vendo hoje. A gente fala de aquecimento global. É consequência do que a gente está plantando, então a gente vai ter que lidar com isso enquanto espécie, essa mudança ambiental. Ela é a seleção natural   atuando. Então ou eu lido com isso, ou vem uma outra espécie e ocupa o meu lugar. É isso e parece que é cruel a gente olhar dessa forma, não é cruel a natureza é assim. A gente  ,   a gente é assim, né?

Gabriella: Faz parte.

Alexandre: Só que enquanto humanidade, a gente tem aí o sentimentos... E a gente olha para essa situação e isso gera uma angústia, né? Porque se a gente pudesse escolher, né? Sempre seria pelo pelo menor sofrimento, a gente não gosta de ver o outro sofrendo, né? Independente da espécie, se é com a nossa própria espécie, ou com outra espécie... Mas se a gente entendesse esse mecanismo,  às vezes isso faria a gente enxergar as coisas de forma mais real, e menos fantasiosa também, né? E uma coisa que eu percebo muito é das pessoas acharem que a humanidade vai salvar o planeta, né? Mas o planeta não precisa de salvação. Quem precisa de salvação é a gente, entendeu? Então parece meio cruel essa ideia, mas é real, né? É realidade.

Gabriella: Com certeza e é um raciocínio difícil, a gente chegar que quem precisa de ajuda somos nós é somos, e não é o planeta. Passa por aquele passo que comentamos da consciência, que falta em muitos momentos.

Alexandre: Sim, e esbarra no ego também, né? Por a gente ter consciência a gente deixa o nosso ego se manifesta. Eu nunca me esqueço no ano passado, falando sobre evolução em aula e aí eu eu joguei para os alunos, né? Quem vocês acham que é mais evoluído: ser humano ou uma bactéria. Nossa, claro que eles responderam o ser humano, né? Aí eu contra argumentei: Mas quem existe mais tempo na terra: a bactéria ou o ser humano? eles disseram: a bactéria. Daí prossegui, então quem sobreviveu mais não foi a bactéria? Então, pensando evolutivamente, ela é muito melhor do que a gente, olha por tudo que ela passou e não foi extinta e olha por tudo que a gente passou, bem menos  do que ela e estamos a beira, talvez, de uma extinção, se a gente não fizer nada. E aí teve um menino, um aluno, que ficou super incomodado com essa minha colocação, falou "Como assim você tá dizendo que que a gente é menos evoluído que uma bactéria?!" ele levantou da carteira, ele começou a falar, e nessa época tinha uma estagiária junto comigo na sala, eu olhei para a cara dela e dei uma risadinha. Deixei ele falar, óbvio, mas ele ficou inconformado.

Gabriella: E é difícil reconhecer isso, né.

Alexandre: Super, super é o fato a gente não se considerar animal, né? A gente não se considera um animal, tem o ser humano e os outros animais, e não é isso, né?

Gabriella: Muito bem. Muito obrigada de novo, por estar aqui por trazer tantas ideias interessantes, eu te convidei porque eu achei que você era a pessoa ideal para falar desse tema e de fato foi. Você conseguiu entrar não só pela biologia, mas por várias outras áreas e trazer tuas contribuições em cima disso. Acrescentar tudo que você pensa, reflete sobre esse assunto, então acho que vai ser muito rico para quem estiver lendo e quiser saber mais desse tema encontrar essa conversa aqui. Muito obrigada!

Alexandre: Que bom. Foi uma delícia, muito obrigado.