Olhares: Leituras e Releituras - A arte como resposta I (2/3)

Qual o papel da leitura e como ela pode influenciar (positivamente) nossas vidas.

Gabriella Macedo

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Eis a questão

4. Pesquisas estimam que em média um brasileiro leia por volta de quatro livros em um ano². Os processos envolvidos por trás desse número são complexos e abrangentes. Para que a leitura se torne ainda mais popular e consiga conquistar mais adeptos, como lugares como a escola e figuras como os pais e quaisquer outras denominações cabíveis poderiam auxiliar para que esse número aumente? De que forma?

Juliana: Acho que as pessoas falam muito sobre o valor dos livros, né? E como isso impede o acesso a muitas pessoas. Eu acho que esse é um ponto, né? Ontem eu vi um criador de conteúdo comentando sobre uma matéria em que, eu não lembro da onde é a matéria, mas na matéria falava que os calhamaços nos últimos anos tiveram uma queda de vendas muito grande. E aí ele questiona, qual que é o efeito disso? Oque que está acontecendo? Para que as pessoas leiam cada vez livros menores, né? Isso porque os calhamaços que são aqueles que tem sei lá mais de 300 páginas, eu não sei quantas páginas um livro deve ter para ser considerado calhamaço.

Gabriella: Também não sei (risos).

Juliana: Mas é que exige uma dedicação muito maior, né? Quando você vai ler um livro muito maior. E me parece que os livros que tem sido vendidos atualmente, quando você entra numa livraria são aqueles que são considerados bestseller, parecem ser os mesmos, né? Mudam os nomes, mudam a capa, mas se você for ler o livro é a mesma coisa dos outros… Então você sabe mais ou menos como começa e como é que vai ser ali o meio e como é que vai terminar. E aí, acho que é a mesma coisa do que a gente vê muito no movimento na internet, né? Se um vídeo deu certo, então vou reproduzir incansavelmente até que surja outro viral. E as pessoas vão indo nesse ritmo e eu acho que perde um pouco da diversidade nesse sentido. Mas para que a gente consiga levar a leitura para outros espaços, eu acho que é muito a movimentação do que muitas pessoas já tem feito, né? Então ter criadores de conteúdo em plataformas de redes sociais que é onde boa parte de que crianças e adolescentes estão né? Pais também, incentivando a leitura, falando sobre ela de uma forma muito gostosa, né? E que acaba influenciando de uma forma muito positiva. Infelizmente a gente tem cada vez mais visto, que livrarias estão sendo fechadas, né? E essa é uma perda assim imensurável, porque é extremamente gostoso entrar numa livraria e se deparar ali com uma leitura que não você não leria se você não estivesse lá. Mas eu acho que também com as vendas online a probabilidade de ter ofertas ou coisas nesse sentido, de o livro estar na sua casa dois dias depois que você comprou ou no dia seguinte facilita isso, né? Eu acho que também fomentar isso, eu não sei como é hoje, mas nas escolas em que eu estudei o acesso à biblioteca era algo que você que tinha que buscar, não era algo que vivia aberto, que era incentivado para que você entrasse, né? Eu lembro que teve uma escola em que eu tinha que ir atrás da tia para pedir a chave para entrar na biblioteca. Vou pegar livros que não eram vistos há anos, né? Então não tinha nenhuma novidade ali. Eu acho que explorar esse espaço e fazer com que ele seja convidativo é importante porque é onde as crianças e adolescentes passam a maior parte do tempo: na escola. Ter também SESCS e centro culturais próximos, é importante. É extremamente importante, e a gente tem em São Paulo um e cada canto, só que é engraçado que muitas pessoas não sabem que elas têm aquilo, que elas podem usufruir daquilo de alguma forma. Então sempre que possível eu falo sobre centros culturais e bibliotecas em que a pessoa pode ir visitar hoje, eu acho que tem muito também de Sites em que pessoas escritores publicam seus livros ali de forma gratuita, né? Eu entendo que não seja o trabalho principal deles ali, até porque não tem nenhum retorno. Mas é uma forma de serviço do seu trabalho ser conhecido isso aproximar outros leitores, né? O que é bem legal.

Gabriella: Nossa, eu acho que você trouxe ponto super importante, porque a questão da acessibilidade ela acaba sendo uma trava de fato para que as pessoas possam aumentar esse número de leituras, esse padrão de leitura sempre muito parecidos… Às vezes a gente não ter de novo o acesso a informações diferentes, tipos diferentes de leituras… Cada vez menos livrarias próximas abertas que tem valores que são viáveis para as pessoas conseguirem manter esse hábito próximo, né? Então foi faz muito sentido que você tá trazendo. Muito bem e ainda que a gente tenha falado aqui agora pouco, né? Desse número baixo ali de livros lidos pelo brasileiro em média o número de autores nacionais, ele vem crescendo bastante, né? Você é uma pessoa que conhece bastante literatura nacional também.

Juliana: Olha eu não conhecia, mas acho que uma leitura foi levando a outra e realmente eu percebo que houve e vejo pessoas comentando. Que houve esse não aumento de escritores, mas que as pessoas têm reconhecido mais né? Então se você ia uns anos atrás, aí eu cortei, não deixei você terminar de fazer essa pergunta, desculpa.

5.Não, não, imagina. Era isso mesmo eu te perguntar. Como é que anda, né? Esse cenário da literatura Nacional. Mas pode continuar explicando que era bem que você tava falando mesmo.

Juliana: Tá, eu não consigo trazer dados porque eu não sou da área, mas enquanto leitora a percepção que eu tenho é que se você ia à feira de livro, então se você ia à Bienal alguns anos atrás as pessoas iam muito mais para ver autores internacionais. Era umas filas assim… gigantescas, você via poucos autores nacionais ali anunciados para dar palestras ou autógrafos, ou apresentar livros ali, lançar livros, acho que a gente via muito menos do que hoje em dia. Hoje em dia a movimentação tá sendo muito diferente, até porque hoje eles têm espaços em que eles podem falar abertamente sobre isso, né? Então eles têm redes sociais em que eles mesmo podem expor o trabalho deles e uma coisa vai levando a outra, né? Uma pessoa posta vai comentando com outra então eu vejo que esse campo tá sendo muito bem explorado.

Gabriella: Com certeza, acho que tá muito mais visível realmente e até tem tido um movimento bacana, pois agora a gente tá vendo livros de autores nacionais virando filmes e tendo público para assistir e isso também contribui bastante, né? Para que se tenha uma visibilidade da literatura brasileira, além muitos autores sendo premiados, né… Então isso também é muito bom.

Juliana: Sendo convidados também outras redes, né? Como podcasts, por exemplo, para poder falar sobre Né? Então, realmente eu acho que tá a gente tá olhando um pouquinho mais para o nosso mercado nacional nesse sentido.

Gabriella: Que tem muitos talentos ainda hoje.

Juliana: De fato e que a gente pode aproveitar, né?

Gabriella: Com certeza e aí a gente esbarra aqui um pouquinho na próxima pergunta. Eu joguei essa provocação aqui de talentos “ainda hoje” porque muitas pessoas dão bastante importância aos clássicos, né? Como itens necessários a quem quer entrar nesse mundo de leitura… “Você precisa conhecer os clássicos”, então tem essa questão de livros clássicos x contemporâneos e existem livros para todos os gostos, né? Essa é verdade. Qual que é sua opinião sobre (a gente já falou um pouco sobre isso, mas queria que você comentasse um pouco mais) sobre a questão da leitura obrigatória nas escolas, como é que você enxerga isso?

6. Clássicos e contemporâneos, existem livros para todos os gostos. Qual sua opinião sobre a leitura obrigatória nas escolas?

Juliana S.: Ah, sim, aquela rixa de você é só eleitor se você leu uma literatura russa, um clássico…

Gabriella: Isso e tem pessoas que gostam de leituras contemporâneas e eu queria voltar naquele gancho das escolas nas escolas, muitas vezes ficam nos livros mais clássicos não tendem atualizar tanto algumas listas, né? Então queria saber a tua opinião com leitora sobre essas leituras obrigatórias, né? Como alguém que já passou também pela escola e teve que ler esses livros. Oque que você acha dessa dessas leituras obrigatórias?

Juliana: Eu acho que se elas fossem apresentadas de outra forma. Elas seriam extremamente ricas, né? Não vejo a leitura como problema, mas como a forma que ela é colocada ali, eu entendo que é um conteúdo programático ali do ensino que é extremamente importante. Mas que eu acho que a depender do professor de como ele explora aquilo isso dá outra conotação, outro sentido, né? Essa questão de das pessoas também julgarem muito os tipos de eleitores e que as pessoas Leiam um ponto muito crítico que os próprios leitores fazem né? Então a gente tem grupos de pessoas que só consideram leitores aqueles que leram clássicos ou uma determinada leitura. Se não, não é válido, né? Então acho que eles prejudicam ainda mais um campo que já está prejudicado, né? E que ser eleitor não precisa ser um status bonito, né? Acho que a leitura não tá aí para isso, mas para enriquecer de fato repertório da pessoa.

Gabriella: Sim, sim.

Juliana: Então acho que em vez de juntar e fazer com que esse grupo cresça as pessoas acabam separando ainda mais.